domingo, 21 de outubro de 2012

Cativeiro

Repenso mil vezes o caminho, mas não o nego. Você é a coisa mais incrível que entrou na minha mira.
Extraviou tanto as fronteiras do tempo que até confundo a estrada, acelero na curva. O nome disso é paixão? Você ao menos podia deixar de ser severo, sem esse papinho que eu faço da vida poesia em exagero. Desilude meu encanto. Saio puxando assunto com todo mundo na rua pra chorar as pitangas todas que eu guardei de você.
Pra ser sincera, só queria tomar um suco bem exótico enquanto a aurora levanta o dia. Essa é a nossa melhor obra-prima: Tanto Viver.

Eu que não espero quase nada, anda plantada esperando que compareça. Fique ao meu lado. Deixe que eles nos julguem o tempo inteiro, eu não sei odiar ninguém e nem sequer retribuo. É uma questão de essência. Continuo flutuando, como quando a cidade assiste a leveza das nossas longas caminhadas. Encontro, feitiço e saudade... Tudo nosso.

Não, eles nunca vão entender o momento em que esse amor acontece.

Você cativa minha alma, passarinho. Enjaula meu leão, toda noite é cativeiro. Fico presa sem janelas, não respiro o mundo. Mas inspiro aconchego, faço travesseiro de você e me mimo enquanto dorme. Puramente instintivo, te espero no ninho. Nada nos contém, acontece que é tanto mel e intensidade...

Queria reinventar essa nobreza de sentimento. É um risco. Na verdade, com você me dá vontade de continuar sendo essa menina tola, que tolamente não crê na maldade no mundo. Perco a hora e deixo pra mais tarde a vontade pelo gosto dos cinco continentes. Até repenso a ideia de falar alemão, italiano, africâner, grego, francês... A hora do almoço desvira meu apetite por açúcar, nem janto, só durmo, acordo e trabalho. As histórias e risos sempre sobram, deixo de passar para o papel. Desperdício.

E pra completar, as lembranças de botequim me prendem ao erro. Se arrependimento matasse mesmo, eu nunca morreria. Toda manhã invoco meu preto, meu índio e meu Buda. Peço que me libertem desse excesso de altruísmo. Cheguei num estágio tão alto de generosidade que mais parece destruição.

Agora já passam das 5 da manhã, desejo o mundo todo sorrindo por inteiro. E entender o nosso começo numa perspectiva que não assuste.

Eu quero cativar você, mas por favor não me prenda nesse cativeiro. 

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