quinta-feira, 27 de junho de 2013

Monólogo do Bem Querer

Vem cá, volta aqui. 
Dessa vez, só mais essa vez, deixa eu te acarinhar. Guarda essa pressa toda pra depois, não se preocupe com o desperdício. Esquece sem querer a carteira e celular.

Chegue bem leve no conforto, calça e camisa de tecido. Esse é o dia mais bonito da minha vida, é relaxante e despretensioso. Vem, mas vem sem objeção.

E se for vir mesmo, não traga mochila.
Eu estou esperando por você. Aconchego. Gole de água, cabelo trançado, edredom macio, música e uns filmes que separei. Ah, e as janelas estão abertas. Todas abertas. Espreguiça e sente o ar que vem lá de fora. O inverno é todo tão bonito quanto veraneio.

Meu coração tem pressa, parece que vai chover forte mais tarde, que delícia.
Mas não se apresse. Curta a paisagem. Tire uma foto, conheça e troque uma ideia com o vizinho. O portão está entreaberto pra você.

O pitbull mal acordou e já te ama. Olha fixamente, não entende direito suas cores tão bonitas. Mas te ama. Você trouxe paz, trouxe um perfume gostoso e parece que mais tarde, vai acabar trazendo uns biscoitos pra ele também.

Aproveita e guarda esse copo a mais que você pegou. Divido esse aqui com você.
Estou suave. Toma só um gole dessa água. Abre uma cerveja pra gente conversar. Prova o suco de melancia bem docinho que eu te preparei. E se não puder ficar até amanhã, não faz mal. As portas estão sempre abertas. Para vir e para voltar.

Mas se ficar, pega o travesseiro e encosta a cabeça no sofá. Estica os braços e pernas, com muita vontade. Mira o encontro das paredes, o teto, a figura que o lustre projeta no chão. Desenhos e vidas, tatuadas em histórias incríveis. Vê como tudo é tão parecido e tão diferente. Mas vê só o essencial, deixe a consciência breve. As preocupações que vão sumindo. Troque a maldade, se houver, pela malícia de me querer. Apeteça quanto puder.

Uma névoa amena cobre você, lentamente. Eu acendo incensos suaves pela casa, uma legião de vagalumes. Apaga a luz? Acende o abajur. Deixa o tantra te absorver. Eu não tenho pressa. Faz frio lá fora, mas há cores de todas as formas. Aqui dentro. 

Meu coração é o lugar onde eu quero que você chegue. Então venha de mansinho. 
Pulse seu instinto, repercuta novas ideias. O ritmo dos tambores vai crescendo. Atinge células sensoriais na minha pele.  E tudo mais que segue. Analogia exata entre percussão e percurso.

A música vai crescendo, escuta que construção maravilhosa. A respiração aumenta, é como uma maratona ao redor da praia. A gente compete, se encara, joga aquela malícia boa dos olhos, pura, instintiva. Estamos correndo pra vencer. E vencemos porque chegamos em paz.  

Tudo é prazer. Dádiva de estar no lugar certo. Progresso e experiências incríveis, loucura e consciência que se balanceiam. 

Já é hora, que delícia de balanço. Malemolência. A dança e toda a expressividade do movimento. Uma sequência deles, é um filme em película. Não há tecnologia que possa com a força dessa conversa. O que sustenta toda essa... Energia. É essa.

Inspira. Mimetismo entre a aurora e o raio do sol. Expira. Os olhos abrindo depois da cochilada gostosa no colo. Devagarinho. O prazer intenso. Constante. Quase espiritual. Eu fico paralisada nos seus olhos, só absorvendo. 

Sem dúvida,
Eu te quero tanto bem, todo o bem que eu desejo pra você. Dessa vez, só mais essa vez, fecha os olhos. De mansinho. Deixa eu te fazer carinho. 

Deixa eu te acarinhar.

terça-feira, 7 de maio de 2013

Eu não quis, mas briguei.

Não sei se a resina estilhaçada estava testando a alergia - que eu não tenho. Foi o zunido da furadeira que perfurou a dor no concreto, não a broca. Imprevisível, violento, duro e completamente traumático. Mas não.
Eu não permito que ninguém me trate desse jeito. A gente precisa ter coragem para enfrentar o invencível. Quem dita as nossas regras somos nós.

Brigo pelo respeito, pelo fim do descaso, da pretensão descabida, do autoritarismo desnecessário. Privar alguém de liberdade é privar-se dela também. Deixa que a responsabilidade de traçar meu próprio caminho eu não nego. Deixa-me Ser que aceito e até entendo para onde e porque você tanto voa.
Isso aqui é um sistema, precisamos uns dos outros para a sobrevivência, prazer de sentir a vida que começa dentro da matilha.

Meu pior e melhor relacionamento humano balança meu coração de menina. Doce menina. Sangue que escorre quente, mas sem orgulho. Bombeando para desarmar uma bomba. Automática, é meio-dia, meio a Bagdá. Compro o conflito sem medo, encaro esse inferno desarmada. Não me defendo, não ataco. Eu sorrio, choro e reajo. Cerrando os dentes, pronta para a maior batalha da minha vida.

Eu queria poder te olhar com a sutileza que eu sempre levei comigo. Sem mágoa ou raiva. Aliás, não foi fácil superar anos tão longos como esses.
Mas, ao contrário do que eu costumava pensar, é importante saber entrar em guerra.
Faz parte e eu até gosto.
Esse longo caminho para alcançar o tão merecido gole de paz. Entende porque não quero morrer engasgada por um despropósito? Eu não abaixo a cabeça e faço isso com muita humildade. Não me humilho, não me nego. Mas sou. Essência, consciência e evolução.
Esse é o passo para o futuro. O mais importante.
Saber sorrir, amar, brigar e agir. Ação.

Choveu, como choveu.
Agora estou em paz.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Rasga que durex emenda.

Vermelhou, alvoreceu. Tudo começa a se encaixar depois das cinco. Multiplica-se em toneladas, são porções avantajadas. Todos os sabores preferidos em colher de chá. Mel de abelha criando casca. Tijolo baiano, durex, cristal, penacho, armadura. Coração. Tudo pronto. 

Era a construção. A mais bonita. Complexa em sua simplicidade. Invejável por estar ali, tranquilamente real, a mercê da vida. O movimento brusco do ímã. Sem razão ou sentimento.
Instintivo. Iam dando o máximo de si – amor, respeito, integridade. O significado irracional da palavra. Havia descoberta e mais, havia muita multiplicidade.
Elas, as Cores. 

Ao meio-dia dominando o mundo.