Aquele caminho que eu fiz tantas vezes. O sol descia comigo a ladeira, batendo nas
bochechas branquinhas. O gosto da comida do japonês, latejando com a recém lembrança dos olhos de despedida do menino das minhas piadas, indo embora do almoço, e pouco a pouco da
minha. Vida.
Vida. Havia vida naquele ar condicionado, aumentava o calor
do meu corpo quente. Senão, jamais teria ficado ali. Atrás de políticos e
rumores. Tanto que minha expressão era sempre sorridente, como
daqueles caiçaras calorosos e felizes que a gente sempre encontrava nas viagens para Santos.
Ou talvez tivesse a ver com aquele lance esotérico e
energias positivas do guru. Na primeira das hipóteses, prefiro pensar que não.
Poderia ser óbvio e prático: só um gosto infinito pela convivência. Remédio
para aquela minha necessidade de afago humano. Ou, fosse mesmo o calor
transmitido pela presença dele. As mãos suando, ou aquele rubor instantâneo constante. Rubro misturado ao verde, eu só percebi tempos depois de tanto me olhar.
O fogo precisa de algo
para queimar, e era isso que me atraia. Quis provocar meu primeiro grande
incêndio. Me queimei.
E as cicatrizes, pelo visto, continuam em carne viva.
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