terça-feira, 14 de agosto de 2012

Falta de amor é como um rio sujo

Boiam garrafas pet de sarcasmo em uma grande paleta cinza de dureza e tensão. O cheiro do esgoto enoja, só não mais que o desgosto de quem já não tem mais nada a perder. 
Afinal, quando nada se tem, nada se perde.

Eu procurei águas límpidas nos olhos daquela mulher, um vestígio se quer. Dei abraços sinceros como dou na minha mãe. Juro que tentei, mas não adiantou.  Ela até tentou ser mais do que conseguia, me viu sorrindo tão plenamente que acabou sorrindo também. Por uns minutos fizemos um mundo mais bonito.  Mas pareceu tarde demais, eu já não tinha tempo, e a ferrugem corroía tão rápido que não dava para chegarmos sãs ao cais. Trincaram barcos, e foram tantos prejuízos que só as idéias de pessimismo de um mundo inteiro fariam igual. 

Acho que toda forma de desafeto deveria ser crime. 

Quando finalmente cometi suicídio, bebi da água e me preparei pra pular em terra, senti que mesmo que não pareça, sempre vale a pena o peso de uma convivência.

Às vezes, basta uma gota de óleo para fazer o rio turvo refletir cores de um arco-íris inteiro.

Um comentário:

  1. obrigada pela gota'doleo
    fez do meu dia cinza um grande arco-iris

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