quinta-feira, 2 de agosto de 2012

de saída

Pus meu vestido vermelho gola v. O mais bonito. Comi quatro brigadeiros grandes, feito criança. Lavei as mãos, fiz uma trança no cabelo e sentei na sala sem ligar a tv.  

“Eu o encontrei”. Quando minha mãe chegou, olhei-a nos olhos e disse. Quando meu pai ligou, pausei uns segundos muda, e falei. Depois, tratei de encontrar todos: os da infância, dos sabores de jabuticaba, as que me olhavam nos olhos e aos que me queriam às costas. Contei mesmo a quem não quisesse saber e aos que queriam, contava forçando a última sílaba, tratando de enfatizar o timbre com mais emoção: “Eu o encon-trei”.  
Às oito da noite, disse isso “tudo” a quem mais me estimava. Bebi a tequila sem encostar no sal e limão. Fiquei doce e eufórica a noite toda. Cheguei em casa antes da lua sumir no céu. Dormi no sofá e quando acordei, sorri como num gesto de profunda satisfação.  Peguei o celular, e liguei.

"E o que ele disse?"

Que não gosta que eu saia com meu vestido vermelho.

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