terça-feira, 29 de março de 2016

Las Dolores de Lolita



Quando semicerrei as pálpebras na claridade, a quietude do verde-musgo daqueles morros mesclou-se ao lodo nos seus olhos. Deslizei. Não quis mais do teu afago e nem senti o ardor de pertencer a terra em que plantei meus delírios.

Volto, porque Bukowski já amadureceu demais minha imaturidade, Nabokov estremeceu calafrios sórdidos entre as minhas coxas quentes, e Kafka insistiu que eu perseverasse a todos eles - meus erros, meus acertos, tudo aquilo que não lhe disse, do que não provei com vontade. Volto à origem dos sabores, à individualidade da introspecção, submersa nos encantos do que ainda é meu por direito. Voltei para buscar.

Volto das noites, e de longas e vazias horas de dores amargas, de sombrios devaneios, do que indaguei e construí, e por ironia, prontificou-se a me castigar. Levou-me toda a sutileza, meus passos alegres e pomares coloridamente silenciosos. A sensação do teu casaco quente e o perfume que aquecia tua nuca em noite gélida despiu-me os tecidos da fantasia. Fiquei muda, pois bem; Muda me faço para plantar-me em árvore nos jardins voluptuosos dos meus atinados desatinos.

Volto, porque voltar é preciso. Porque preciso. Os devaneios loucos dos meus sonhos de outrora não nos foram o bastante. Consumiram-me. Dia após dia desde que te parti.


Voltar. Que pra quem está do outro lado, significa partir. 
Parto porque preciso. Volto, porque ainda te amo.

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