Quando semicerrei as pálpebras na claridade, a quietude do
verde-musgo daqueles morros mesclou-se ao lodo nos seus olhos. Deslizei. Não quis mais do teu afago e nem senti o
ardor de pertencer a terra em que plantei meus delírios.
Volto, porque Bukowski já amadureceu demais minha
imaturidade, Nabokov estremeceu calafrios sórdidos entre as minhas coxas
quentes, e Kafka insistiu que eu perseverasse a todos eles - meus erros, meus
acertos, tudo aquilo que não lhe disse, do que não provei com vontade. Volto à
origem dos sabores, à individualidade da introspecção, submersa nos encantos do
que ainda é meu por direito. Voltei para buscar.
Volto das noites, e de longas e vazias horas de dores
amargas, de sombrios devaneios, do que indaguei e construí, e por ironia,
prontificou-se a me castigar. Levou-me toda a sutileza, meus passos alegres
e pomares coloridamente silenciosos. A sensação do teu casaco quente e o
perfume que aquecia tua nuca em noite gélida despiu-me os tecidos da fantasia.
Fiquei muda, pois bem; Muda me faço para plantar-me em árvore nos jardins voluptuosos
dos meus atinados desatinos.
Volto, porque voltar é preciso. Porque preciso. Os devaneios
loucos dos meus sonhos de outrora não nos foram o bastante. Consumiram-me. Dia
após dia desde que te parti.
Voltar. Que pra quem está do outro lado, significa partir.
Parto porque preciso. Volto, porque ainda te amo.